quinta-feira, 28 de abril de 2016

UM SINAL




Foto de Rita Mara Lorusso Todeschi.
UM SINAL
Deixa-me um sinal
quando quiseres.
Uma pedra, uma estrela ou uma ave
um cheiro,
um aroma
ou um morango
Uma cruz
talhada na minha porta
Que o caminho eu acharei
encruzilhado
entre o gesto e o espanto
pressentido
entre o vácuo e o manto!
ou o mar !
ou o vento!
ou as velas do meu barco
parado algures
no inevitável
porto das esperas.


POEMA:

LuizaCaetano.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

EM UM CANTO.....




Em um canto do quarto,
Estou a vê-la, se ela entrar,
Uma sombra passa,
Aqui está desaparecida,
Vou abrir uma gaveta,
Depois dois, depois três,
Ela ainda não está aqui,
Estou sentindo que me roça,
Faço mudanças de cara,
Ela não está aqui,
Eu olho para debaixo da cama,
Nada mais,
Atrás da cortina,
Sob a lâmpada,
Enrolado num cobertor?
Não, nada, ela desapareceu...
Vejo algumas palhetas,
Na borda da cama,
Uma Sininho perdida,
Sobre um travesseiro,
Eu levanta o segundo,
Foi agora encontrado,
A minha fada,
Toda dourada,
Enrolada nas suas asas,
Dormindo na minha cama!


AD

sábado, 9 de abril de 2016

O SINO DA MINHA ALDEIA!!!!



Ó sino da minha aldeia 
dolente na tarde calma, 
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...

E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...

A.D.

terça-feira, 5 de abril de 2016



O Rosto Do Povo

Hirtas mãos azafamadas
Criativas, tão obreiras
Ergues as redes douradas
Contra as correntes blasfemas
E lavras as sementeiras
Como se fossem poemas
Pinto o céu, uma aguarela
Na beleza me comovo
Visto-me de caravela
Rasgo as lágrimas salgadas
Limpando o rosto do povo
P’las ondas desventuradas
Tu já nasceste um poeta
E fazes da desesperança
As palavras de um profeta
Alentado nos cansaços
E anuncias a mudança
Com molhos verdes de abraços
Tens no cheiro a maresia
Das ânsias da humanidade
Que carregas dia-a-dia
No teu peito tão enraizada
E transportas a saudade
À partida e à chegada


Maria Marques Jacinto